Homicídios de adolescentes aumentaram 195,7% no estado de 1980 a 2010; taxa era de 2,3% e saltou para 6,8%
POR OSWALDO VIVIANI
O Maranhão é o 3º estado – entre as 27 unidades da federação brasileira – onde os assassinatos de jovens até 19 anos mais cresceram entre 1980 e 2010. Nesses 30 anos, a taxa de homicídios de pessoas de zero a 19 anos, no estado, aumentou 195,7%, subindo de 2,3 homicídios por 100 mil habitantes, em 1980, para 6,8 em 2010. Os dados são do “Mapa da Violência 2012 – Crianças e Adolescentes do Brasil”, pesquisa divulgada ontem (18). O estudo foi coordenado pelo o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, do Instituto Sangari.
Só os estados de Rio Grande do Norte (taxa de 2,6 homicídios de jovens por 100 mil habitantes em 1980 e 12,7 em 2010, crescimento de 388,5%) e Alagoas (taxa de 10,1 em 1980 e 34,8 em 2010, crescimento de 244,6%) tiveram maior aumento de homicídios de jovens do que o Maranhão, nas três décadas estudadas.
Ranqueados no 4º e no 5º posto, aparecem Paraíba (taxa de 7,5 em 1980 e 21,6 em 2010, crescimento de 244,6%) e Ceará (taxa de 10,1 em 1980 e 34,8 em 2010, crescimento de 244,6%).
No país, os assassinatos de adolescentes aumentaram 376%, de 1980 a 2010. Em 1980, eles eram pouco mais de 11 por 100 mil habitantes. Já em 2010, saltaram para 43.
No mesmo período, os homicídios como um todo (todas as faixas etárias) cresceram 259% no Brasil. O “Mapa da Violência 2012 – Crianças e Adolescentes do Brasil” foi baseado em análises de informações do Ministério da Saúde sobre as causas das mortes de pessoas entre zero e 19 anos de idade.
O ritmo de crescimento da morte entre jovens é constante. Em 30 anos, só teve queda quatro vezes.
“Os homicídios de jovens continuam sendo o calcanhar de aquiles do governo. Esse aumento mostra que a criança e o adolescente não são prioridade dos governos”, disse Julio Jacobo Waiselfisz.
Entre os estados em que houve maiores taxas de homicídio de jovens estão Alagoas (taxa de 34,8 homicídios por 100 mil habitantes), Espírito Santo (33,8) e Bahia (23,8).
Segundo Waiselfisz, vários fatores influenciam o aumento em determinadas regiões. Um deles é a interiorização dos homicídios.
“Antes, a maior parte dos crimes acontecia nos grandes centros. Agora, com a melhor distribuição de renda, houve uma migração da população e os governos não conseguiram implantar políticas públicas para acompanhar essa mudança”, disse o sociólogo.
Os estados que apresentaram as menores taxas foram Santa Catarina (6,4), São Paulo (5,4) e Piauí (3,6).
Para Alba Zaluar, antropóloga da Universidade Estadual do Rio, os dados devem ser analisados com “cuidado”, já que entre 2002 e 2010 houve uma melhora na qualificação das estatísticas sobre mortes. Ou seja, casos que antes constavam como “outras violências” nos dados oficiais passaram a ser homicídios.
“É muito complicado falar do aumento de mortes por agressão no Brasil como um todo”, afirmou Zaluar.
Waiselfisz diz que a pesquisa aponta que os problemas existem e serve de alerta para governos tentarem reduzir o índice.
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