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Segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), Londrina é a grande cidade do Estado com maior número de mandados de prisão cumpridos pelo crime de estupro de vulnerável no primeiro semestre deste ano. Foram 13 ocorrências do tipo. Esta quantidade já está quase igualando o total de registros de todo o ano passado, quando foram registrados 16 mandados de prisão. O total de Londrina já supera as ocorrências de outros cinco grandes municípios do Estado: Curitiba (5), Cascavel (2), Maringá (0) e Foz do Iguaçu (3). 

No ano passado, a cidade também ficou à frente das demais grandes cidades do Paraná. Na Capital, 14 mandados de prisão cumpridos. Também ocorreram prisões em Maringá (3), Foz do Iguaçu (2) e Cascavel (1). Em todo o Paraná, neste ano foram cumpridos 94 mandados de prisão, mais da metade do total do ano passado, que ficou em 164. 

Isso não significa, entretanto, que todos os casos de violência sexual chegam a ser denunciados. Pelo menos é isso que aponta o Mapa da Violência 2012: Crianças e Adolescentes no Brasil, divulgado em julho. Conforme o estudo, muitas das ocorrências atendidas por unidades públicas de saúde não são levadas adiante. 

Com uma taxa de 6,8 por 100 mil habitantes, Londrina está na 290 posição entre as cidades brasileiras que registraram atendimentos de violência sexual no SUS, em todo o ano passado. Conforme os números do Sistema Nacional de Atendimento Médico (Sinam), ocorreram na cidade, no ano passado, 21 atendimentos referentes à violência sexual (assédio, estupro, atentado violento ao pudor). Mais do que a quantidade de prisões relativas a estupro de menores, por exemplo. 

No Paraná, a cidade com a maior taxa é Piraquara (73,1), na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Em todo o País, segundo os dados, ocorreram 10.425 atendimentos de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Desse total, mais de 7 mil foram referentes a estupro. E geralmente, conforme aponta o estudo, um amigo ou conhecido da vítima (2.950) é o responsável pela agressão. 

Conforme destaca o sociólogo Júlio Jacobo Waiselfiz, autor do estudo, o número de atendimentos no SUS é apenas a ”ponta de um iceberg”. Ele ressalta que na grande maioria dos casos a vítima só é levada para um hospital ou unidade de saúde quando o caso já está grave, com risco de morte. ”Não é surpresa para ninguém que muitos casos não são levados adiante. Os números confirmados são preocupantes, mas sabemos que a situação é ainda pior. O importante é divulgarmos isso para começarmos a discutir o problema, para que ele não fique na escuridão”, disse. 

Jacobo aponta que o Brasil é o 4º país com mais registros de violência contra crianças e adolescentes. ”Observamos uma tolerância familiar com esses casos que é absurda. Na teoria a família e o poder público deveriam garantir os benefícios das crianças e adolescentes garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pela Constituição Federal, mas vemos que na prática a realidade é outra”, afirmou o sociólogo. 

Jacobo ainda aponta que em muitos casos o estupro ou assédio ao adolescente ocorre por envolvimento com as drogas.