Três em cada 10 crianças e adolescentes morrem em acidentes de trânsito no País. Barbalha é o município brasileiro onde há mais óbitos dessa natureza, proporcionalmente, devido a alta demanda que o município recebe de pacientes de outras cidades. A cidade do Cariri lidera o ranking de 100 municípios do Brasil, com 20 mil crianças e adolescentes ou mais residentes, com as maiores taxas de mortalidade com acidentes de transporte.
A forma imprudente de condução e as condições dos veículos estão entre as principais causas dessas mortes FOTO: Melquíades Júnior
Os dados são da pesquisa intitulada “Mapa da Violência 2012 – Crianças e Adolescentes do Brasil”, realizada pelo coordenador da área de estudos sobre a violência, Júlio Jacobo Waiselfisz, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais – Flacso Brasil.
Na opinião do assessor de comunicação do Departamento de Trânsito do Ceará (Detran-CE), Paulo Ernesto Serpa, o fato de Barbalha e Sobral estarem entre os dez principais apontados como onde há mais mortes de crianças e
adolescentes no trânsito pode ter uma explicação. “Geralmente, as
vítimas de acidentes que ocorrem nas proximidades dessas cidades são
levadas para os hospitais de Sobral e Barbalha. Os atestados de óbitos
são emitidos lá também, por isso pode dar essa diferença”, afirma.
Ao todo, são seis os municípios cearenses que figuram no ranking dos 100 mais dessa triste estatística. Além de Barbalha, que ocupa o topo da lista, também figuram Sobral (8º), Russas (25º), Icó (53º), Tianguá (75º) e Acaraú (80º).
Imprudência
Segundo o relações públicas da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), tenente Kildare Vasconcelos, não é apenas o aumento diário no número de veículos transitando no Estado que multiplica a quantidade de ocorrências. Para ele, a forma imprudente de condução e as condições dos veículos estão entre as principais causas dessas mortes. “Existe um percentual considerável de pessoas guiando sem habilitação. No caso dos motociclistas, sem usar capacete. Também há veículos em situação irregular, com algum problema técnico ou de documentação. Essa combinação é realmente perigosa”, afirma.
Falta de fiscalização
Segundo o tenente Kildare, outro aspecto importante é a falta de fiscalização nos municípios. “Poucos, no Ceará, têm um órgão de fiscalização na cidade, ou seja, um Departamento Municipal de Trânsito (Demutran). Isso facilita que ocorram mais acidentes de um forma geral, e mais acidentes com crianças e adolescentes”, confirma, ressaltando que o trabalho da PRE se restringe às rodovias estaduais.
Conforme o Detran-CE, 53 municípios do Estado possuem órgão próprio de fiscalização de trânsito. Além disso, há solicitações em andamento para ampliar esse número. Contudo, o assessor de comunicação do órgão reconhece ainda ser um número pequeno de Demutrans. “Em 2007, eram 47 órgãos. Abriram mais seis nos últimos anos. É verdade que é insuficiente, porém, mesmo assim, o Ceará é um dos estados com maior número de Demutrans do País”, conta.
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