São Paulo (SP) – Em 30 anos, o número de crianças e adolescentes brasileiros que morrem anualmente diminuiu de 245 mil (1980) para 75,7 mil (2010), mas a porcentagem de mortes por causas externas cresceu de 6,7% para 26,5%. Os dados são da pesquisa “Mapa da violência 2012 – Crianças e adolescentes do Brasil”, lançada pelo Instituto Sangari no mês passado.
O estudo foi organizado por Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da área de violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais – Flasco Brasil, com o objetivo de analisar o tema da mortalidade de crianças e adolescentes no período 1980-2010. A pesquisa pode ser acessada na íntegra no linkhttp://mapadaviolencia.org.br/pdf2012/MapaViolencia2012_Criancas_e_Adolescentes.pdf
O estudo associa as causas externas de morte a fatores independentes do organismo humano que provocam lesões ou agravos à saúde e levam à óbito. As causas externas englobam desde acidentes de trânsito ou quedas até homicídios e suicídios e se opõem às chamadas causas naturais, indicativas de deterioração do organismo ou da saúde devido a doenças.
A redução no número absoluto de mortes de crianças e adolescentes nos últimos 30 anos se deu pela diminuição das mortes por causas naturais resultante de ações de melhoria na cobertura dos sistemas de saúde, saneamento básico e educacional.
O número de mortes por causas externas em 1980 foi de aproximadamente 16,4 mil e em 2010 da ordem de 20 mil. O estudo não apresenta ponderações em relação ao aumento populacional.
Dentro das causas externas, em 1980 os acidentes de trânsito eram responsáveis por 28,8% das mortes, os homicídios por 11,3%, outras formas de violência por 18,5%, outras formas de acidente por 38,4% e os suicídios por 3%.
Em 2010, dentro das causas externas, os homicídios representavam 43,5% das mortes de crianças e adolescentes no Brasil, seguidos pelos acidentes de trânsito (27%), outros tipos de acidentes (20%), outros tipos de violência (6%) e suicídios (3,5%).
A pesquisa mostra ainda, que em um ranking internacional, o Brasil é o quarto país com maior porcentagem de homicídios de crianças e adolescentes, perdendo apenas para El Salvador, Venezuela e Trinidad e Tobago.
Comentários