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A Bahia é o terceiro estado com maior número de mortes violentas de crianças e jovens de até 19 anos, segundo dados do Mapa da Violência divulgados nesta quarta-feira (18). Em 10 anos, as mortes aumentaram 576%. A pesquisa foi realizada pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais e pelo Centro Brasileiro de Latino-Americanos.
A caso de um adolescente de 17 anos que foi morto com tiro nas costas em 2010 marca a vida da tia do garoto, Cledereci Sacramento. “A mãe dele pediu ‘pelo amor de Deus, não mate o meu filho’. Ele [o autor] disse: ‘ele vai ver agora’. E atirou nas costas”, recorda o crime. O suspeito de disparar os tiros é um policial militar. “A gente não aceita”, conta.

Outra morte violenta do menino Joel Conceição Castro, de apenas dez anos. No mês de novembro de 2010, ele foi atingido dentro de casa por um tiro na cabeça, disparado por policiais militares que realizavam uma operação contra o tráfico de drogas no Nordeste de Amaralina, em Salvador. “Às vezes eu estou em casa, os meninos estão brincando, eu penso que Joel vai entrar”, conta Joel Castro, pai da criança, em meio ao choro diário. Nove policiais militares respondem processo criminal pela morte de Joel.

Dados da pesquisa apontam que, em 2000, a taxa era de 3,5 mortes para cem mil habitantes. Em 2010, o número saltou para 23,8. Nesse período de dez anos, a Bahia passou de 23º para 3° estado brasileiro mais violento para crianças e adolescentes, atrás de Alagoas e do Espírito Santo. Ao total, 1.172 assassinatos de crianças e adolescentes foram registrados em 2010, o maior número no país. O estudo indica ainda que, das treze cidades mais violentas para os jovens brasileiros, oito estão na Bahia. Entre elas Salvador, Lauro de Freitas e Simões Filho, a mais violenta do Brasil. Em relação à pesquisa, a Secretaria da Segurança Pública disse que só vai falar sobre o assunto depois de avaliar de que forma o estudo foi feito.
Para o sub-coordenador do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), o crescimento da violência entre crianças e jovens se deve ao aumento no consumo e comercialização de drogas, principalmente na capital. “Nós tivemos aqui em Salvador, durante cinco anos, o aumento de 500% de adolescentes envolvidos com consumo e de 900% de jovens envolvidos no tráfico. Então esses jovens são assassinados e posso garantir que mais da metade dos assassinos não são sequer identificados”, afirma.

Ele acredita que um maior envolvimento do poder público pode mudar o futuro dessas crianças e adolescentes. “Nós precisamos de políticas públicas que qualifiquem esses jovens, que os capacite pra enfrentar o mercado de trabalho. e dê também oportunidade de – no turno seguinte à escola – possa estar participando de ações culturais, dança teatro, música”,