A nova edição do Mapa da Violência, elaborado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz e editado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e o Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos (Cebela), traz grave alerta sobre o que chama de ‘epidemia’ da violência no Brasil contra crianças e adolescentes.
Em um ranking de 92 países do mundo, apenas El Salvador, Venezuela e Guatemala apresentam taxas de homicídio maiores que a do Brasil (44,2 casos em 100 mil jovens de 15 a 19 anos).
Todos os três países têm economia menor que a brasileira, atualmente a 6ª maior do mundo (segundo o Produto Interno Bruto), não dispõem de um sistema de proteção legalizado como o Estatuto da Criança e do Adolescente (com 22 anos de existência) nem programas sociais com o número de beneficiários como o Bolsa Família (que entre outras contrapartidas orienta o acompanhamento da família matriculando os filhos na escola e mantendo em dia a vacinação).
Situação local
Segundo o relatório, o Amazonas se manteve na 16ª posição entre os Estados mais violentos do país, mas viu avançar de 8,1 para 12,1 a taxa de homicídio de crianças e adolescentes (1 a 19 anos). Em números fechados atuais, isto significa que a cada 100 mortes, 26 estão nessa faixa etária.
Ocupando a 15ª colocação numa lista de 70 cidades de todo o país, Manacapuru é o único local do Amazonas que figura entre as cidades que mais praticam violência física contra o público infanto-juvenil.
Violência sexual
Em termos de violência contra meninas e adolescentes foram registrados, em 2011, 7.155 casos de estupro no país entre 10,4 mil casos de violência sexual (que incluem assédio e atentado violento ao pudor), a maioria praticada pelos próprios pais (além de padrastos) contra as filhas de 10 a 14 anos ou por conhecidos próximos (como amigo ou vizinho) no caso de meninas e adolescentes de 1 a 19 anos.
Manacapuru e Manaus aparecem, respectivamente, como a 14ª e a 25ª no ranking das 70 cidades mais violentas para as mulheres no país.
Segundo dados do Ministério da Saúde, analisados pelo Mapa da Violência, a residência é o principal local de agressão declarado no socorro das vítimas de até 19 anos pela rede pública.
Mais de 63% dos casos de violência ocorreram na residência e cerca de 18% acontecem na via pública.
“Todos esses números permitem inferir que existem municípios que atuam como verdadeiras usinas na produção de violências contra crianças e adolescentes, tamanha a concentração de incidentes registrada. É importante que as diversas instituições responsáveis, seja em nível federal, estadual ou municipal, analisem cada realidade e tomem as medidas necessárias para conter e reverter essa situação epidêmica de violência contra as crianças e adolescentes”, diz o estudo.
Comentários