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Para especialistas, número reflete iniciativas sociais somadas à interiorização da criminalidade

Crianças e jovens do ABCD, entre zero e 19 anos, estão menos expostas à violência.  Pelo menos é o que apontam os dados do Mapa da Violência 2012: Crianças e Adolescentes do Brasil, desenvolvido pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais e pelo Instituto Sangari com base nos dados de atendimento realizados pelo SUS. Em uma década, a Região reduziu em 75% o número de homicídios de crianças e jovens. O índice também representa um avanço, se comparado aos dados nacionais, onde houve aumento de 10% nos casos no mesmo período. 

Apesar de parecerem satisfatórios, os números no ABCD precisam melhorar. Mesmo com a redução, na Região ainda morre o equivalente a uma criança ou jovem por dia, como se constata nos dados de 2010, quando houve 386 óbitos nessa faixa etária. Em 2000, a quantidade de homicídios somou 1.565, o que significou quatro mortes por dia. 

“Toda morte de criança ou adolescente é inaceitável. Não podemos nos acomodar”, afirmou Ariel de Castro Alves, presidente da Fundação Criança de São Bernardo e coordenador do Grupo de Trabalho Criança Prioridade 1 do Consórcio Intermunicipal.

Programas – Para especialistas, a queda acentuada nos dados do ABCD reflete o resultado positivo dos programas sociais desenvolvidos nos sete municípios, como Protejo (Programa de Proteção a Jovens em Território de Vulnerabilidade), Adolescente Aprendiz e Rotativo Cidadão. Todos oferecem cursos e atividades para jovens com incentivo de bolsas de estudo. “Para que os índices continuem a cair é preciso ampliar e investir mais em programas sociais voltados aos jovens”, observou o presidente da Fundação Criança.

Melhora de índices passa pela Educação
A presidente da comissão da Infância e Juventude da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Santo André, Shirley Van Der Zwaan, diz que é preciso investir na educação como um todo para manter ou melhorar os índices. “É necessário ter mais vagas em creches, escolas e cursos profissionalizantes. É preciso tirar as crianças das ruas”, analisou. 

O sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da pesquisa, divide a mesma opinião. Ele revelou que cerca de 3 milhões de jovens vivem ociosos no País. “É um verdadeiro exército que não estuda ou trabalha”, comentou. 

Outro fator apontado pelos especialistas como fundamental para a queda dos índices na Região é a interiorização da criminalidade. “Antes, a maior parte dos crimes acontecia nos grandes centros. Agora, com a melhor distribuição de renda, houve migração da população e os governos não conseguiram implantar políticas públicas para acompanhar essa mudança”, avaliou Waiselfisz. Um exemplo é Alagoas. No Mapa da Violência de 2011, o estado ocupava a 11ª colocação e não era considerado violento. Neste ano, ocupa o primeiro posto nacional da violência de jovens. “Em São Paulo houve queda de 63% em 10 anos. O estado, que já foi o 4º colocado, agora é o 26º”, disse. 

Parceria – Ariel de Castro Alves vê no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte, parceria entre Consórcio Intermunicipal e governo federal, uma das formas de o ABCD enfrentar os homicídios de jovens.

“Estamos finalizando a contratação da entidade que fará o atendimento. Isso irá colaborar com a preservação de vidas”, comentou 
Alves.

Violência física e sexual atingiu 806 jovens da Região
O homicídio é o ato mais brutal cometido contra a criança e o adolescente, mas não é o único. Muitas vezes, antes do óbito, o menor passa por agressões físicas e sexuais. De acordo com o Mapa da Violência 2012, os hospitais e pronto-atendimentos do ABCD atenderam, em 2011, 806 crianças e jovens, entre zero e 19 anos, devido à violência. 

O levantamento mostra que, das 430 crianças e jovens atendidos pelo SUS na Região por violência sexual, a maioria (146) sofreu estupro. As demais passaram por assédio ou exploração sexual, pornografia infantil ou atentado violento ao pudor. 

Mais da metade dos atendimentos a violência sexual do ABCD, 55,3%, foram realizados em São Bernardo.  Para o presidente da Fundação Criança do município, Ariel de Castro Alves, o fato reflete a maior divulgação, campanhas e trabalho de conscientização realizados na cidade. “Temos uma rede de proteção mais estruturada”, avaliou. 

Das 376 crianças e adolescentes atendidos que sofreram violência física, como uma agressão, por exemplo, 48,6% são de jovens entre 15 a 19 anos. 

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