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Mapa da Violência aponta 123,8% a mais de homicídios de crianças e adolescentes entre os anos 2000 e 2010.   Estudo aponta que Paraná tem 18,8 homicídios para cada 100 mil crianças e adolescentes.   Em Curitiba, aumento foi de 104,8%, com 37 casos por 100 mil.

Morte de jovem sobe 123%

Entre os anos 2000 e 2010, a taxa de homicídios de crianças e adolescentes no Paraná passou de 8,4 em 100 mil para 18,8 em 100 mil. Com esse resultado, o estado saiu da 15ª para a 9ª posição na comparação nacional.

É o que aponta o Mapa da Violência 2012 – Crianças e Adolescentes do Brasil, do pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador de Estudos sobre a Violência da Flacso (Faculdade Latino- Americana de Ciências Sociais) no Brasil.

Para especialistas, este é o reflexo da falta de políticas públicas. “O Estado tem o dever de prevenir, coibir e reprimir esse tipo de violência. Os números têm que servir de alerta para a implementação, o quanto antes, de políticas públicas intersetoriais que revertam esse quadro vergonhoso”, afirma Murillo José Digiácomo, da Promotoria da Criança e do Adolescente do MP-PR (Ministério Público).

A Secretaria da Segurança Pública reconhece a “necessidade de reestruturar a área de segurança pública”. Em nota, diz que a “reestruturação tem sido pensada estrategicamente”.

“Quando se trata de homicídios, é fundamental que haja políticas públicas de desenvolvimentos social integradas, principalmente entre as áreas da Família e Ação Social e da Saúde, ações preventivas, visto que boa parte dos crimes estão relacionadas ao uso e tráfico de drogas”, diz a nota.

“A violência tem que ser combatida a partir de planejamento de ações intersetoriais que vêm com a apuração das causas.”
Promotor Murillo Digiácomo

“Criança e adolescente têm determinada, na Constituição, a prioridade absoluta em políticas públicas.”
Mayta Santos, da OAB-PR

Prevenção

Para Mayta Lobo dos Santos, vice-presidente da Comissão da Criança e do Adolescente da OAB-PR, é preciso identificar o motivo do aumento da violência. “As pesquisas precisam trazer as causas para que a violência possa ser combatida a partir de políticas públicas com o foco correto”.

Mas ela aponta alguns fatores já conhecidos, como o envolvimento com drogas. “Em decorrência da responsabilidade penal do adolescente ser diferente, ele é usado para execução de crimes, especialmente tráfico de drogas, o que o coloca em situação de vulnerabilidade. Muitas vezes, o adolescente se sujeita a isso porque, em troca, recebe a própria droga”.

Outros pontos, diz, envolvem conscientização da família e denúncias. “As escolas têm papel importante porque, no contato diário com as crianças e adolescentes, podem identificar sinais, como mudança de comportamento”, frisa.

Camila Castro
Metro Curitiba – 19/07/2012

Mapa da Violência 2012 revela crescimento assustador do número de vítimas

O país assistiu nas últimas três décadas um avanço epidêmico dos homicídios contra crianças e adolescentes, com índices comparados à mortalidade de guerras.

Segundo o Mapa da Violência 2012, divulgado ontem, o Brasil é o quarto país – num ranking formado por 92 países – com a maior taxa de homicídios entre pessoas de até 19 anos, à frente apenas de El Salvador, Venezuela e Guatemala. Nessa faixa etária, 26,5% das mortes são provocadas por homicídios. Em 1980, o índice era de 6,7%. A segunda maior causa de morte entre jovens são os acidentes de trânsito.

Crianças e adolescentes representam cerca de 60 milhões de brasileiros, segundo o censo do IBGE de 2010 – o equivalente a 31,3% da população. Para separar as causas das mortes, o estudo levou em consideração o SIM (Sistema de Informações de Mortalidade) do Ministério da Saúde.

Segundo a pesquisa, foram registrados 608.462 assassinatos de jovens entre 1981 e 2010, uma média de 20,9 mil jovens mortos por ano.

O número supera, por exemplo, a taxa de mortalidade anual das guerras como as do Iraque (13 mil), da Chechênia (25 mil) e de Angola (20 mil).

A média nacional de mortes no trânsito contra jovens é de 8,6, o que coloca o Brasil na 12º lugar do ranking mundial. Entre 1980 e 2010, foram 176 mil mortes, por exemplo, provocadas por acidentes de carros ou de motos.

No entanto, em capitais como Porto Velho, Aracaju, Teresina, Vitória e Goiânia, o cenário é ainda mais grave – os índices de óbitos no trânsito estão acima de 20 para cada 100 mil crianças e adolescentes.

“O Brasil carrega o triste título de uma sociedade marcada pela violência contra menores.”
Julio Jacobo, autor da pesquisa

“É um fenômeno que envolve falta de políticas sociais agravado pelo uso de drogas.”
Antônio Flávio Testa, Sociólogo

A violência contra menores está concentrada em 1,3 mil cidades – ou 23% dos municípios brasileiros. A taxa de assassinatos é maior nos Estados de Alagoas (34,8) e Espírito Santo (33,8), para grupo de 100 mil pessoas. São Paulo e Piauí têm as menores taxas, de 5,4 e 3,6 para cada 100 mil, respectivamente. (METRO)

JOVENS – Paraná lidera mortes no trânsito

O Mapa da Violência 2012 mostra uma situação ainda pior no Paraná. Nas vítimas fatais em acidentes de trânsito, o estado tem o índice mais alto do País: 15 mortes para cada grupo de 100 mil pessoas de zero a 19 anos de idade.

O aumento foi de 20,3% na comparação com o ano 2000, quando eram 12,4 por 100 mil e o estado ocupava a 4ª posição.

O índice é puxado pelas cidades do interior. No ranking das dez com os piores resultados, quatro são paranaenses: Francisco Beltrão (2º lugar), Cianorte (3º), Paranavaí (6º) e Toledo (10º).

Em Curitiba, houve queda de 34,8%, passando de 14,4 por 100 mil para 9,4 por 100 mil. (Metro Curitiba).