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80% destes casos estão relacionados a violência física. Números são do Mapa da Violência: Crianças e Adolescentes do Brasil

A faculdade Latino-americana de Ciências Sociais e o Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos divulgaram nesta semana o Mapa da Violência 2012: Crianças e Adolescentes do Brasil. Entre os dados está o número de crianças e adolescentes atendidos em 2011 pelo SUS (Sistema Único de Saúde), vítimas de violência doméstica, sexual e outras.

Na lista dos 70 municípios com 20 mil crianças e adolescentes ou mais, com as maiores taxas de atendimento (em 100 mil) por violência física, Marília aparece com 48 atendimentos no decorrer do ano passado. No total o município conta com 60 mil pessoas com idade entre 1 e 19 anos.

O detalhamento do relatório informa que na faixa etária entre 5 e 9 anos foram atendidas duas crianças, 10 e 14 anos, 13 pessoas, e o maior percentual fica com adolescentes com idade entre 15 e 19 anos, com 33 atendimentos. A taxa de violência física ficou em 80%.

Com esta taxa, Marília ficou abaixo de cidades mais próximas que constam na pesquisa como São José do Rio Preto com taxa de 153,8 e Ribeirão Preto com 83,8. No total, no país foram atendidas 40 mil crianças e adolescentes, vítimas de violência doméstica, sexual e/ou outras violências. Em dois de cada três casos, as violências aconteceram no domicílio das vítimas e o agressor foi alguém próximo – grupo familiar ou de amigos. Pouco mais de 40% foram atendimentos por violência física e 20% por violência sexual.

 

ESTUDO

O estudo feito por ocasião dos 22 anos de vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente, traça ainda um amplo panorama da evolução da violência dirigida contra as crianças e adolescentes nas três décadas anteriores a 2010. Quando morreram nada menos que 608.492 crianças e adolescentes por causas externas – violências e acidentes – consideradas evitáveis tanto pela Organização Mundial da Saúde quanto pelo Ministério da Saúde. As fontes utilizadas para a realização do estudo foram: o Sistema de Informações de Mortalidade – SIM, com dados de 1980 até 2010 e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan, com dados do ano 2011, ambas as fontes do Ministério da Saúde, além do Sistema de Informações Estatísticas da Organização Mundial da Saúde – Whosis para as análises internacionais.

O mais preocupante é que esse flagelo homicida vem se agravando de forma tal que quase a metade dos assassinatos – 84.846 – aconteceu na última década.

O texto completo do relatório, assim como planilhas contendo dados dos municípios do país, pode ser acessado nos sites: www.flacso.org.br ou www.cebela.org.br.

 

 

Conselho Tutelar aponta queda nas ocorrências

 

De acordo com o conselheiro tutelar André Luiz Martins, os números de casos de violência doméstica envolvendo crianças e adolescentes têm caído mês a mês em Marília. No primeiro semestre foram registrados 40 casos.

O número é pouco maior do que o registrado, por exemplo, no último trimestre do ano passado quando foram computadas 35 ocorrências. Ele explica que, no momento em que o conselho é acionado para atender a uma ocorrência desta ordem, a primeira providência é garantir a integridade da criança. “A criança é levada para o hospital, após é registrado o boletim de ocorrência em que os responsáveis respondem criminalmente pelo ato”, afirma.

Segundo Martins, as primeiras alternativas para encaminhamento das crianças são os familiares mais próximos para, somente em último caso, utilizar o abrigamento no Cacam (Centro de Apoio à Criança e Adolescente de Marília) como recurso. “É uma das posturas especificadas pelo ECA (Estatuto da Crianças e do Adolescente), por isso o número de atendidos na instituição caiu muito nos últimos meses”.

Outro projeto preventivo trabalhado pelos dez conselheiros é o “Adote uma família”. Neste caso há um cadastro de famílias carentes que necessitam de ajuda em que as pessoas prestam apoio tanto financeiro quanto afetivo. Até agora já são quatro casos em andamento. “Não é apenas o dinheiro para supermercado e roupas, mas uma conversa amiga e o diálogo”, comenta Martins. Mais uma ação que também visa diminuir a violência doméstica é o encaminhamento de pais alcoólatras e usuários de drogas para internação. “Precisamos melhorar a família que é a raiz para diminuirmos este tipo de incidência”, finaliza.