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Pelo menos em um ponto, especialistas em segurança pública consultados pelo Globo para explicar a queda na taxa de homicídios no Rio de Janeiro, constatada no Mapa da Violência 2012, são unânimes: não há consenso sobre as causas do declínio. O fato é que em 2000, segundo o pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, o Rio ocupava o topo do ranking nacional, com uma taxa de 25,9 assassinatos por cada grupo 100 mil habitantes na faixa etária de zero a 19 anos. Em 2010, esta taxa caiu para 17,2, levando o estado à décima colocação.

Segundo os especialistas, há uma série de fatores que vão da implementação de novas estratégias de combate a criminalidade, que inclui a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e a criação da Divisão de Homicídios (DH), passando pelo aumento nos investimentos sociais e na estabilização da economia. Professor de sociologia da UFRJ, Michel Misse afirma que a taxa de homicídios no estado vem apresentando queda há pelo menos seis anos. Em São Paulo, segundo ele, essa tendência vem sendo comprovada há dez anos.

Michel Misse ressalta que os dados empregados por Julio Jacobo se referem às declarações de óbito do Data SUS, sem levar em conta os números de homicídios computados pelas polícias civis dos estados. Segundo o sociólogo, o método gera discrepância: “O latrocínio, que é a morte da vítima numa tentativa de assalto, é computado numa categoria diferente do homicídio”, argumenta Misse.

Analista criminal do Instituto de Segurança Pública (ISP), o tenente-coronel Marcus Ferreira faz a mesma ponderação sobre os dados empregados na elaboração do Mapa da Violência. O ISP é responsável pela confecção das estatísticas de criminalidade, feitas com base nos registros da Polícia Civil. Marcus Ferreira, contudo, confirma a redução significativa nos indicativos de criminalidade do estado, com ênfase para os homicídios. Na opinião do analista criminal, a redução está associada à implantação das UPPs, à criação da DH e ao declínio do poder das quadrilhas ligadas ao tráfico de drogas: “É importante frisar que esses grupos empregam em sua maioria crianças e adolescentes para atuar na venda de drogas e na prática de outros crimes. O que os torna vítimas em potencial”, acredita Marcus Ferreira.

Ignácio Cano, do Laboratório de Análise de Violência da UERJ, também ressalta não haver um consenso sobre as causas do declínio da taxa de homicídios no Rio. O especialista cita ainda como possível explicação a diminuição do fluxo de migração, principalmente de estados do Nordeste para o Rio. Ignácio lembra que em contrapartida, as taxas de homicídio subiram significativamente nas capitais nordestinas.

No Rio, a cidade com maior índice de homicídios é Duque de Caxias, na Baixada Fluminense: 44,2 por 100 mil, na 25 posição nacional. Entre as 100 mais violentas, há ainda Cabo Frio, Itaboraí, Niterói, Macaé, Itaguaí e Resende.