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Lucio Flávio Cruz

Um levantamento divulgado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos (Cebela) revela o Mapa da Violência contra crianças e adolescentes no Brasil no ano de 2011. Em Londrina, foram 32 vítimas de violência física e mais 21 vítimas de violência sexual.

O levantamento foi feito nos 5.565 municípios brasileiros com crianças e adolescentes entre 1 e 19 anos e leva em consideração o número de atendimentos registrado na cidade e o número de habitantes desta faixa etária.

Os dados da violência sexual foram de acordo com os atendimentos do Sistema de Informação de Agravo e Notificação (Sinan) de cada município. Em relação à violência física, Londrina aparece na posição número 177º com uma taxa de 21,8. Foram 32 atendimentos para uma população de crianças e adolescentes de 146,9 mil.

Em primeiro lugar aparece a cidade de Ferraz de Vanconcelos, na grande São Paulo, com um índice de 642. Foram 384 atendimentos para uma população de 59,8 mil.

A primeira cidade do Paraná a aparecer na lista foi Pato Branco, no sudoeste, na 29ª posição com uma taxa de violência de 122,1, índice obtido na relação entre a quantidade de casos e de habitantes. Foram 28 atendimentos para uma população de 22,9 mil.

Os números da violência sexual apontam Londrina na 290º posição com uma taxa de 6,8. Foram dez casos de violência sexual, seis de estupro, dois de assédio sexual e três de atentado violento ao pudor. Segundo a pesquisa, não foi registrado nenhum atendimento de casos de exploração sexual e pornografia infantil em Londrina.

Quem lidera a lista é Rio Branco, capital do Acre, com um índice de 151,5. Foram 434 atendimentos para uma população de 132 mil crianças e adolescentes.

A cidade paranaense no topo da lista é Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, que aparece na 11ª posição com taxa de 73,1. Com uma população de 34,2 foram 49 casos atendidos.

Análise

A secretária Municipal de Assistência Social de Londrina, Jacqueline Micali, não teve acesso aos números da pesquisa e nem da metodologia empregada, mas acredita que os números da violência contra crianças e adolescentes são bem maiores na cidade.

“Principalmente em relação à violência sexual existe uma demanda reprimida. As denúncias não chegam às autoridades, as crianças têm medo de dizer algo, os responsáveis não estão preparados para conseguir informações. Isso não é só em Londrina não, mas em todas as cidades”, afirmou.

Jacqueline acredita que a administração tem a obrigação de identificar estas situações e encaminhar alternativas para as crianças. “Nós temos dentro das escolas municipais o programa Afeto, que capacita os professores, distribui cartilhas aos alunos e tem a caixa do segredo, onde as crianças podem deixar detalhes de alguma situação que elas não teriam coragem de contar. É uma forma de descobrirmos novos casos e daí fazer o encaminhamento para as famílias”, relatou.

Sobre as vítimas de violência física, segundo a secretária, são crianças que não tiveram seus direitos constitucionais garantidos e que por isso vivem à margem da sociedade.

“São adolescentes que já cresceram sem uma base familiar e hoje são usuários de drogas e cometem delitos. As ações preventivas precisam ocorrer desde a infância. Eram pessoas invisíveis e que agora se tornaram apenas números”, lamentou.

A Secretaria de Assistência Social atende atualmente 1,2 mil famílias em Londrina que foram vítimas de violência. Destas, 700 sofreram abusos sexuais.

“Primeiro vamos tentar curar esta ferida, física ou psicológica e depois vamos dar as orientações para a família, para o encaminhamento destas crianças. Infelizmente é difícil de prevenir, já que, normalmente, o agressor é alguém muito próximo”, explicou.