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Os restos mortais de Sabat Nuet foram devolvidos à família durante encontro do ciclo Direitos Humanos, Justiça e Memória, organizado pela FLACSO

 

Em 30 de outubro de 1973, Miguel Sabat Nuet, catalão de 50 anos morreu no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) do Brasil. Residente na Venezuela, seu voo fazia conexão no Brasil quando foi preso por militares. A família nunca mais teve notícias, até que em 2008, exumaram seu corpo em um cemitério de São Paulo e conseguiram identificá-lo. Quase 40 anos depois, foi confirmado que Sabat Nuet foi “vítima de tortura, sequestro e homicídio” por parte da Ditadura Militar brasileira.

No último dia 12 de dezembro, como parte do ciclo de debates Direitos Humanos, Justiça e Memória, a Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (FLACSO), em parceria com a Secretaria dos Direitos Humanos do Brasil, convocou uma seção especial na qual o governo brasileiro desenvolveu os restos mortais de Miguel Sabat Nuet e pediu perdão publicamente a sua filha, María del Carmem, e a seus filhos, Lorenzo e Miguel. A cerimônia contou com a presença de Maria do Rosário Nunes, ministra dos Direitos Humanos do Brasil, e da procuradora da República Eugênia Augusta Gonzaga, que falou sobre o processo de pesquisa que resultou na identificação de Sabat Nuet.

“Não de pode mudar o passado. Os filhos e netos de Miguel Sabat Nuet pedem justiça, em nosso nome, mas também em nome de todos os filhos e netos de desaparecidos políticos. Não estamos apenas recebendo os restos mortais, mas também resgatando uma parte da história de nosso pai”, disse María del Carmen.

O encontro, que discutiu a importância da memória para a construção e o fortalecimento das democracias, aconteceu em São Paulo, Brasil. Participaram, ainda, Estela Carlotto, presidente das Abuelas de la Plaza de Mayo, Eric Nepomuceno, jornalista e escritor brasileiro, Daniel Filmus, ex-ministro de Educação da República Argentina e Senador Nacional, Emir Sader, Secretário Executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO), Juan Cabandié, neto recuperado pelas Abuelas de la Plaza de Mayo e Deputado da cidade de Buenos Aires, e Pablo Gentilli, diretor da FLACSO-Brasil.

Estela Carlotto, de 81 anos, recordou a história de sua filha Laura, assassinada pela Ditadura Militar Argentina, e recebeu uma homenagem de Gentilli.

Sobre o Ciclo. Direitos Humanos, Justiça e Memória é uma realização da Flacso e recebe o apoio de distintas organizações. Os debates, que abordam temáticas centrais de direitos humanos, ocorrem em várias capitais do Brasil, entre novembro de 2011 e março de 2012. A CLADE colabora com as atividades, participando dos debates do ciclo que acontecerão no Fórum Mundial de Educação 2012, de 24 a 29 de janeiro, em Porto Alegre, Brasil. Para maiores informações, visite o site da FLACSO: https://www.flacso.org.br/portal/.