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Por Judinei Vanzeto, Zero Hora
A população vive assombrada com o fenômeno da violência. Muitos já se puseram em reflexão sobre a origem da violência. Segundo o relato criacionista, o ser humano foi criado à imagem e semelhança de seu Criador. O pai da Teoria da Evolução aponta para a evolução natural das espécies, ou seja, sobrevivem as mais fortes e adaptáveis. O slogan de Rousseau: “O homem nasce bom e a sociedade o corrompe”. O filósofo inglês Thomas Hobbes afirma: “homo homini lúpus”, que significa: o homem é o lobo do homem. Enfim, muitas são as terias que buscam explicações para a origem do fenômeno da violência.

É o desvio dos recursos públicos que enfraquecem as políticas sociais e marginalizam os pobres.

A filósofa Hannah Arendt, em suas obras, alerta para a falta de grandes estudos sobre o fenômeno da violência e a consequente banalização do conceito. Segundo a autora, a violência caracteriza-se por sua instrumentalidade, distinguindo-se do poder, do vigor, da força e, mesmo, da autoridade. A política constitui-se o horizonte de interpretação da violência, que não é nem natural, pessoal ou irracional. A violência contrapõe-se ao poder: de forma que onde domina um absolutamente, o outro está ausente.
A reflexão de Hannah Arendt sobre violência fornece um referencial teórico, a partir da filosofia política, para entender o fenômeno na sua complexidade e amplitude. O seu pensamento funda-se num caminho de ação no campo da educação em vista de uma intervenção na realidade da violência social. Também aponta para a existência de uma educação que não efetiva o discurso e a ação, onde os sujeitos não são protagonistas e nem detentores de autonomia em seu agir, mas para uma educação que perpetua e reitera a violência dentro e fora dela.
Para a filósofa Arendt, a violência e sua glorificação explicam-se pela severa frustração da faculdade do agir no mundo contemporâneo. Os seres humanos agem pelo impulso e se tornam irracionais, de modo violento. A violência, portanto, é uma atitude irracional. A ação se torna racional no momento em que a reação no curso de um conflito se transforma em ação e, no calor da emoção, reúne varias pessoas num mesmo grupo social para promover a cultura da paz.
Na multidão, o ser humano sociável, por vezes, se sente isolado, sem nome, identidade, profissão, sexo e leis. As regras de comportamentos e condutas são negligenciadas. Entra em jogo a razão versus emoção. No calor da partida, toda a ação encontra validade para obter vantagem sobre o rival e instaurar a soberania e o poder. Vence o mais forte independentemente dos meios utilizados para alcançar os fins.
O Mapa da Violência 2016 mostra que, no Brasil, cinco pessoas são mortas por arma de fogo por hora, sendo 123 por dia. Ocorrem mais mortes por arma de fogo do que nas chacinas e atentados que acontecem em todo o mundo. Os homicídios, sequestros, estupros e diversas outras formas de violência ao serem traduzidos em números constituem a principal e a mais imediata preocupação para a população.
Porém, uma das causas encontra-se na violência institucionalizada pela corrupção, é o desvio dos recursos públicos, que enfraquecem as políticas sociais e marginalizam os pobres. Ao gerar exclusão e perpetuar desigualdades sociais, a economia produz a violência e morte, pois o maior número de apenados no Brasil são os pobres, de cor negra e com baixa escolaridade. Os pobres, ao se sentirem excluídos pelos governamentais, passam a ser presas fáceis do narcotráfico.