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Canudos ecológicos são completamente biodegradáveis e somem do meio-ambiente em um prazo entre 6 e 9 meses.

Como substituir os canudos de plástico que usamos a quase um século? Essa é a pergunta que associações, ONGs, autoridades e uma parte da sociedade francesa vêm fazendo atualmente para tentar diminuir a quantidade de plástico que despejamos a cada dia no meio-ambiente. Os canudos de plástico são apontados como os principais poluentes dos oceanos.

Um grupo de oito estudantes de ensino médio de um colégio de Estrasburgo, cidade no nordeste da França, recentemente propuseram uma alternativa: canudos feitos de amido de milho.

Enquanto os canudos de plástico demoram em torno de 450 anos para se decompor no meio-ambiente, estes canudos ecológicos são completamente biodegradáveis e somem do meio-ambiente em um prazo entre 6 e 9 meses.

O projeto é chamado PopStraw, os canudos pop, uma brincadeira com a palavra popcorn, que quer dizer pipoca em inglês, uma alusão a outro produto também feito de milho. O material foi escolhido por ser ecologicamente correto e ter um preço acessível. Os canudos começaram sendo vendidos apenas na cidade de Estrasburgo, onde eram entregues de bicicleta, mas agora já estão disponíveis em toda a França.

Mounia El Kotni, co-fundadora da associação francesa Bas les Pailles explica que existem diversas alternativas para os canudos de plástico descartáveis. De canudos duráveis até aqueles comestíveis, passando por materiais inusuais como o papelão ou o amido de milho, as opções são muitas:

“Existem canudos de inox. Por exemplo, a marca francesa Gaspajoe produz canudos de inox que duram toda uma vida. Essa foi a opção que alguns bares de coquetel escolheram. Existem canudos de bambu, que podem ser utilizados várias vezes. Nós trabalhamos com a marca francesa Palibou, que está baseada em Bali, e que produz esses canudos de bambu que podem ser fervidos e reutilizados, seja por pessoas ou por bares”.

Ela explica que a substituição dos canudos de plástico é um desafio ainda maior para os comércios que trabalham com a venda de bebidas para viagem: “Quando são servidas bebidas para viagem as opções são, por exemplo, canudos em papel ou em papelão. Nós trabalhamos com a marca francesa Mes petits packaging, que produz na França. Também existem canudos comestíveis como os da marca espanhola Sorbos, que podem ser usados em coquetéis ou em vendas para viagem. Por fim existem também os canudos de amido de milho, que são produzidos por várias marcas. Recentemente surgiu a marca PopStraw, de estudantes de ensino médio de Estrasburgo e que são comercializados na França”.

El Kotni argumenta, no entanto, que o ideal é acabar com a cultura dos descartáveis para diminuir a produção de resíduos, que de qualquer forma sobrecarregam o meio-ambiente. Segundo a ativista, “o melhor dejeto é aquele que a gente não produz”. A ideia é fazer as pessoas tomarem consciência de que a cultura de usar produtos descartáveis traz consequências graves.

A campanha para a proibição dos canudos de plástico já conta com importantes apoios institucionais. O ministério do meio-ambiente e transição ecológica declarou estar disposto a discutir a questão e a Comissão Europeia divulgou em maio uma lista de dez objetos descartáveis que devem ser evitados, entre eles o canudo. Com o objetivo de sensibilizar ainda mais a sociedade, a associação Bas les Pailles lançou uma petição online que pede a proibição do produto.

“Hoje mais de 70 mil pessoas já assinaram nossa petição, o que nos permitiu criar uma discussão em torno deste pequeno pedaço de plástico descartável. Na França, só nos restaurantes de fast-food, quase 9 milhões de canudos são utilizados por dia. Bas les Pailles tem por objetivo alertar sobre o consumo excessivo de plásticos descartáveis, usando os canudos como exemplo”, nos conta Mounia El Kotni.

Uma questão complexa, que envolve mudanças de hábitos e alternativas de mercado, a proibição dos canudos promete ser mais um passo em direção a uma relação mais respeitosa com o meio-ambiente.