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Em meio a uma grave crise financeira e ao anúncio de medidas de austeridade pelo governo, professores estaduais do Paraná entraram em greve por tempo indeterminado nesta segunda-feira (9).

No total, 950 mil alunos da rede pública em todo o Estado devem ser afetados –até o final da manhã de hoje, ainda não havia um balanço sobre a adesão à greve.

Centenas de professores também protestavam em frente à sede do governo em Curitiba, pedindo a presença do governador Beto Richa (PSDB), a quem chamavam de “inimigo número 1 dos servidores”.

O governo cortou milhares de funcionários temporários da educação às vésperas do início do ano letivo, para poupar despesas. O pagamento de salários está atrasado (o terço de férias não foi pago desde dezembro, e promoções foram suspensas) e houve fechamento de turmas em todo o Estado.

O secretário estadual de Educação, Fernando Xavier Ferreira, afirmou na sexta (6) que a pasta foi a mais atingida pelo “reequilíbrio orçamentário” do governo, e que as medidas tomadas foram “duras, porém necessárias”.

Sobre o fechamento de turmas, a secretaria argumenta que há queda no número de matrículas, e que a medida “reorganizou” as salas de aula.

O governo também afirma que tem chamado novos professores temporários e concursados desde a semana passada para suprir o deficit de profissionais, e que determinou a volta de outros 12 mil docentes que estavam em funções administrativas para a sala de aula, para compensar o corte dos temporários.

Diretores dizem que estão sem funcionários suficientes para começar as aulas, e que ficaram sem verba para fazer melhorias e reformas necessárias às escolas –o chamado fundo rotativo. O governo depositou a primeira parcela do fundo apenas na semana passada. Foram R$ 4,2 milhões para todas as 2.100 escolas do Estado.

CRISE

O Paraná enfrenta uma crise financeira há pelo menos dois anos que já forçou o Estado a suspender obras, atrasar pagamentos e parcelar salários.

Na semana passada, Richa enviou mais um pacote de austeridade para aprovação da Assembleia. Propôs cortar o anuênio de servidores estaduais, alterar o regime de previdência e congelar um quarto do orçamento.

A APP Sindicato, que representa os professores estaduais, diz que a proposta do governo “aprofundou de vez a crise e o caos que já eram generalizados nas escolas”, e que foi a gota de água para o início da greve.

O governo do Paraná ainda não se posicionou sobre a greve nesta segunda (9). No final de semana, quando a paralisação foi aprovada pelos professores, informou que a categoria “teve avanços históricos” no governo Richa, como aumento salarial e ampliação da hora-atividade.

O piso salarial de um professor no Paraná pulou de R$ 2.000 para R$ 3.194 nos últimos cinco anos.

O aumento, porém, que era promessa de campanha de Richa, foi um dos principais fatores que levou à crise financeira do Paraná. O reajuste elevou a folha de pagamento ao limite máximo permitido por lei, e engessou o orçamento do Estado, que ficou sem dinheiro para investir.

MAIS GREVE

Outras categorias no Paraná também prometem greve para esta semana.

O Fórum das Entidades Sindicais do Paraná, que representa 14 sindicatos do Estado, se reúne nesta terça (10) em assembleia. Professores das universidades estaduais e agentes penitenciários já dão como certa a paralisação, além dos servidores da saúde.

A principal insatisfação dos servidores é com o pacote de austeridade enviado por Richa à Assembleia na semana passada. O corte do anuênio salarial e as mudanças na previdência estadual (que passará a ter um teto de R$ 4.600) são as medidas mais criticadas pelos funcionários.

O pacote deve começar a ser votado nesta segunda-feira (9) na Assembleia.