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Vamos supor que você seja um prefeito ou um secretário de Educação de um município pequeno. Suponhamos ainda que esteja interessado em adotar uma política de educação integral nas suas escolas. Por onde você começaria? Na construção de parcerias, na definição de uma proposta curricular ou no investimento em desenvolvimento de sua equipe? Como você levaria cada uma dessas etapas? A resposta, dada pelo guia Políticas de Educação Integral: orientações para implementação no município é: depende. O documento, lançado nesta semana pela Fundação Itaú Social e pelo Cenpec, busca mostrar “os caminhos das pedras” – no plural mesmo, já que vários são possíveis – a gestores interessados em adotar a política em seus municípios.

“Quisemos criar um material que pudesse ajudar os prefeitos eleitos a implementar a educação integral, que está cada vez mais na pauta”, diz Alexandre Isaac, coordenador do núcleo de educação integral do Cenpec. Motivos para essa afirmação não faltam: a adoção da educação integral em 50% das escolas brasileiras é uma das metas do Plano Nacional de Educação, o Mais Educação, lançado pelo governo federal em 2007, espera levar o ensino integral a 60 mil escolas até o ano que vem. “Estamos em um momento em que muitos secretários já estão convencidos da importância da educação integral, já estão mobilizados, mas não sabem como”, diz Isabel Santana, gerente da Fundação Itaú Social.

Dividido em quatro capítulos, o guia começa falando sobre a importância de a publicação ser lançada agora, dado o momento político atual. O segundo capítulo apresenta dois pontos de partida básicos para os interessados em implementar a política, a capacitação da equipe e uma análise profunda de contexto, além de explicar o conceito de educação integral. “Estamos nos referindo à concepção de educação integral que considera o sujeito em sua dimensão multidimensional: física, cognitiva, intelectual, afetiva, social e ética, inserido num contexto de relações, assim como o desenvolvimento de todas essas dimensões humanas como condição de cidadania, num projeto democrático de sociedade”, afirma o documento. No terceiro capítulo, a publicação determina nove eixos que os municípios devem atentar para ter uma política bem sucedida e, no último, sugere outras referências para quem quiser saber mais.

“Cada rede deverá estabelecer o seu percurso porque as secretarias vivem realidades muito diferentes. Por isso, tudo começa com um bom diagnóstico participativo”, afirma Isaac. Essa etapa, ressalta o texto do documento, é importante para que sejam identificados pontos fortes e fatores críticos que deverão ser levados em consideração nos momentos que se seguem. “Tudo depende do ponto de partida de cada município. É essa realidade que vai orientar, por exemplo, a abrangência da implementação: se contemplará, desde o início, todas as escolas da rede do município ou se iniciará o processo de forma gradativa”, diz o documento.

Embora não haja um roteiro pré-determinado, o guia chama a atenção para nove práticas chamadas fundamentais a serem consideradas, independentemente da situação da secretaria em questão: acompanhamento e avaliação, proposta curricular, desenvolvimento profissional, parcerias, diretrizes gerais, espaço e infraestrutura, plano de ação, gestão colaborativa e comunicação. “Dentro de cada um desses eixos estrturantes determinamos um passo a passo, ilustramos com um exemplo e damos uma ou mais dicas”, afirma Santana. “Fizemos isso para que os municípios que estão enfrentando o desafio possam aprender com boas práticas que já existem para que não comecem do zero”, completa a especialista.